domingo, 19 de junho de 2011

Avaliação nos corredores

Curiosos e ansiosos pelas prováveis respostas que encontraremos, FOMOS A CAMPO!
Vejam o vídeo com as respostas de alguns alunos, abordados aleatoriamente nos corredores do Centro 5 da Unisinos. São alunos oriundos de cursos da área de Ciências Sociais Aplicadas (Administração, Ciências Contábeis, Finanças, RH, entre outros).


Quando lhes foi solicitado que definissem, em 3 palavras, seus sentimentos no dia da avaliação, as respostas foram as seguintes:
Curiosamente, nervoso, com 20,7% e tranquilo, com 13,8% foram as palavras mais citadas, mostrando a dualidade de sentimentos dos alunos perante a avaliação.

Base Teórica - Percebendo a avaliação


The Evaluation Tree
(Ferramenta visual para auxiliar o aluno a autoavaliar-se - disponível aqui)


A avaliação baseada em competências está inserida num contexto que alia a pedagogia e o trabalho. Neste sentido, buscou-se, primeiramente, a compreensão de como competências são vistas nos dois enfoques, para, em seguida, focar-se em como são avaliadas. Partiu-se do pressuposto que a avaliação baseada em competências é uma das formas de contato do aluno com as competências que lhe serão exigidas no meio profissional.
O termo competências tem sido abordado na literatura, sob diferentes enfoques, embora complementares, entre eles o organizacional e o individual. No âmbito das competências organizacionais, para Sanchez, Heene e Thomas (1996, p.8) é “a uma habilidade de sustentar a implementação coordenada de recursos de maneira a ajudar a firma a atingir suas metas (...). Para ser reconhecida como uma competência, a atividade da firma deve encontrar as três condições de organização, intenção e realização de metas”. Ao nível individual, Zarifian (2001, p.74) considera que competência é “a faculdade de mobilizar redes de atores em torno das mesmas situações, é a faculdade de fazer com que esses atores compartilhem as implicações de suas ações, é fazê-los assumir áreas de co-responsabilidade”.
Ao combinar essas duas perspectivas, Le Boterf (2003) sugere que competência individual é uma combinação de recursos que envolvem o saber-fazer, as aptidões e as experiências de profissionais favorecendo o cumprimento das metas organizacionais.
No ambiente altamente volátil, característico de períodos de aceleração de mudanças, as exigências profissionais potencializaram-se. A competência de perceber as mudanças com maior agilidade tornou-se essencial para as organizações manterem ou conquistarem vantagens competitivas sustentáveis. 
Nesse meio complexo, a importância da formação profissional do indivíduo tornou-se determinante. Na percepção de Vasconcellos, Migowski, Bohn e Bittencourt (2011) um sujeito passa a ser competente quando é capaz de articular, mobilizar e aplicar valores, conhecimentos e habilidades que o leve a desempenhar, com eficiência e eficácia, suas atividades laborais. Passa a ser ele o sujeito organizador, que somente uma abordagem construtivista da educação é capaz de oferecer (Perrenoud, 2001). Na percepção de Demo (2000) a formação profissional deve estar direcionada a preparação do sujeito capaz de aprender sempre e, assim, possa constantemente reconstruir suas competências.
A avaliação de como essas competências profissionais se formam nasce no meio educacional. É nesse ambiente que o discente deve ser estimulado, provocado, desafiado, convidado à reflexão. Mais que isso, segundo Perrenoud (1999), a avaliação, além de promover a percepção dos limites em que o aluno se encontra, deve incitar que sejam ultrapassados. Nesse caminho, professor e aluno devem inserir-se na complexidade, fugindo da discriminação dos erros, buscando compreender o próprio envolvimento, segundo o autor. Avaliar a avaliação passa a ser um caminho para rever procedimentos avaliativos na construção das resoluções de problemas, indo ao encontro ao que Zabala (1998) propõe como estímulo ao pensamento prático e a capacidade reflexiva, que relacione o que já foi problematizado anteriormente com aquilo que ainda se está por trabalhar.
Assim, numa avaliação formadora, o discente deve ser capaz de perceber a construção de seu aprendizado, interrelacionando saberes, construindo conceitos e transferindo conhecimento para situações novas que venha a enfrentar na complexidade de sua vida profissional (Melchior, 2008). 


BIBLIOGRAFIA (parcial):


Demo, P. (2000). Conhecer & aprender: sabedoria dos limites e desafios. Porto Alegre: Artmed.

Le Boterf, G. (2003) Desenvolvendo a competência dos profissionais. 3.ed. Porto Alegre:Artmed.
Melchior, M.C. (2008) Da avaliação dos saberes à construção de competências. Novo Hamburgo: Premier.
Nunes, S.C., Barbosa, A.C.Q. (2009). Formação baseada em competências: um estudo em cursos de graduação em administração. RAM, v.10, n.5, São Paulo, set/out., ISSN 1678-6971.

Perrenoud, P. (2001). Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. Porto Alegre: Artmed.

Sanchez,R.; Heene,A; Thomas,H. (1996).Dynamics of competence-based competition.Oxford: Pergamon. 
Vasconcellos, S.L.; Migowski, S.; Bohn, P.;  Bittencourt, C. (2011). The Perception of Competencies Apprehension in the Intermediate Level of Technical Education. MSKE 2011, Portugal.
Zabala, A. (1998). A prática Educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed

Zarifian, P. (2001). Objetivo competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas